
Toda decisão de maior importância é tomada pelas Câmaras: Baixa e Alta. Tal prerrogativa é legal e legitima no modelo de democracia em que vivemos, cabendo-nos apenas uma avaliação filosófica da essência do modelo.
Diante da fragilidade da democracia representativa é fundamental o poder cidadão para atenuar os vícios inerentes a ela. O poder cidadão pode ser exercido, por exemplo, na escolha do projeto político apresentado no momento da eleição, ocasião em que o homem e a mulher comum exercem de forma igual, firme e aparentemente soberana, significativo papel na consolidação da democracia e também nos destinos da nação.
Neste contexto, o Estado do Ceará está envolto em enormes dificuldades políticas, o que complica a formatação de um projeto claro para os cearenses. Em 2006 o Partido dos Trabalhadores articulou uma tática em que o próprio PT, o PSB, o PC do B, o PMDB e outros partidos formatavam um projeto de desenvolvimento para o Estado. A referida tática além de seu objetivo primordial, ou seja, um modelo democrático e popular, buscava também a defenestração do projeto neoliberal, desenvolvido ao longo de duas décadas pelo empresário capitalista Tasso Jereissati, dono de um dos maiores complexos empresariais do Brasil.
Esse modelo, felizmente esgotado, levou o nosso Estado à condição humilhante de um dos Estados brasileiros de maior índice de pobreza. São 703 favelas só em Fortaleza, 57% da população abaixo da linha da pobreza, 34,4% de analfabetos, déficit habitacional em todos os municípios, além da absurda e incontrolável violência que amedronta aos cearenses.
A proposta política de 2006 somente terá sentido se não for uma dissimulação. Nós precisamos de forma fraterna e responsável avaliar o nosso próprio governo para poder defender o que estiver certo e redimensionar o que estiver errado. Avaliar a política de segurança, o modelo de desenvolvimento e a forma de tratamento para com os movimento sociais - veja-se, por exemplo, o inaceitável tratamento dado aos trabalhadores em educação que lutam pela sagrada e histórica reivindicação do piso salarial nacional, que visa à melhoria do ensino público no país.
Outro fator que vem servindo para descaracterizar a proposta de 2006 é a relação política do atual governador Cid Gomes com os representantes do modelo neoliberal, de quem devemos cada vez mais nos afastar. Tal modelo definitivamente não nos serve: foi responsável pela falência do Brasil, pelo endividamento e, por outro lado concentrou riquezas nas mães de grandes grupos empresariais, proporcionando uma gigantesca distância entre os ricos e os pobres.
O PT, como um partido ideológico e sério, já reafirmou através de resolução de suas instâncias o propósito de reeleger o governador Cid. Diz a resolução: “trabalharemos para fortalecer a base aliada do governo Lula para as eleições de 2010, buscando manter a unidade do campo de esquerda, das forças democráticas e progressistas na construção do palanque do povo brasileiro, de Lula, da pré-candidata Dilma Rousseff e de dois candidatos ao senado da base aliada que constrói e sustenta o projeto democrático e popular, impondo mais uma derrota ao neoliberalismo e seus representantes ‘tucanos e democratas’ em nosso Estado. Pela importância e representatividade política e social do PT no Brasil e no Ceará, indicar para deliberação do Encontro Estadual a manutenção da candidatura petista a vice-governador na chapa progressista encabeçada pelo PSB na reeleição do governador Cid Gomes”. No entanto, o PT exige categoricamente o rompimento político com o PSDB, representante inconteste do neoliberalismo.
Como dissemos, a primeira coisa a fazer é a atualização do projeto em curso no Ceará. Para que ele possa ser posto em prática necessitamos de quadros resolutos na nossa chapa que disputará a eleição de outubro. O deputado, ex-ministro e militante do Partido dos Trabalhadores, José Barroso Pimentel é o melhor candidato a senador pelo Estado; não há duvida de que ele defenderá de forma honrosa o Ceará e a pátria. O outro é o nome do PMDB. Essa chapa é originária da base de apoio ao governo Lula e também ao governo Cid, os quais têm o dever político e moral de apoiá-la e defendê-la plenamente.
O presidente Lula, o governador Cid e a nossa prefeita Luizianne estão no dever de empreender todos os esforços possíveis e impossíveis para eleger os dois senadores da base aliada. No momento, o sucesso da eleição ao Senado depende diretamente do governador que precisa acabar com essa indefinição descabida, que poderá acabar sendo responsável por prejudicar principalmente ao candidato do PMDB, deputado Eunício Oliveitra.
A política é a arte de mediar, por conseguinte os entes responsáveis pelo Ceará necessitam buscar o diálogo e o entendimento político para a resolução do problema. O PT está fazendo a sua parte e espera que o horizonte da estrada política não seja uma via de mão única.
Antonio Ibiapino da Silva
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