sexta-feira, 24 de julho de 2009

Delegação cearense estará na Conferência TM


A Tendência Marxista realizou uma nova Conferência Estadual no Ceará, em 18/07, para discussão dos documentos a serem levados à Conferência Nacional da TM em Brasília. Após a explanação dos documentos recentes publicados pela corrente, houve a leitura e aprovação por unanimidade de um recurso à Conferência Nacional da TM. O recurso contesta as arbitrariedades cometidas pela Coordenação Nacional da TM em relação à organização no Estado. Ao final, mais de 150 militantes elegeram a delegação representativa da TM do Ceará que participará da Conferência Nacional da TM.

PT faz plenária em apoio à luta em Honduras


Os Diretórios Municipal do PT Fortaleza e Estadual do PT Ceará realizaram na quinta-feira passada, 16/07, uma plenária de apoio à luta do povo de Honduras. O país vem sofrendo uma violenta repressão militar desde o último dia 28, quando o presidente, Manoel Zalaya, foi deposto por um golpe. O Presidente Lula já deu declarou apoio ao povo hondurenho chamando o golpe de “atentado à democracia” e exigiu o retorno do presidente Zelaya “de forma imediata e sem condições”.

O secretário estadual de formação política do PT, Antônio Ibiapino, disse que o presidente hondurenho tem uma boa trajetória e que os golpistas estão isolados. “Zelaya tem se colocado ao lado do povo, faz parte da Alternativa Bolivariana para as Américas – ALBA. O exército não pode intervir num processo democrático só porque tem as forças das armas”, completou.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ANTÍTESE: FAÇA A VIDA VALER UM SONHO

Manifesto de resistência pelos valores históricos constitutivos da Tendência Marxista

Se há sonhos que valem uma vida, vida não há que valha um sonho”. (À Sombra das Tamareiras, de Humberto de Campos)

Boa parte das energias que catalisam os esforços políticos na Tendência Marxista – TM, nos últimos tempos, acaba por desmobilizar nossa capacidade nos embates da luta de classes. Embora haja quem se apresse em oferecer versões fantasiosas dos fatos, não há como escamotear a verdade: uma parte dos dirigentes nacionais da TM é responsável pela condução desastrosa, que objetiva diluir e fragmentar nossa organização.

Além das questões regimentais formais, apresentamos a seguir algumas críticas construtivas, para contribuir na superação da lógica paralisante e retrógada que ameaça nos sucumbir, bem como para fundamentar a retomada do posicionamento estratégico, que historicamente defendemos: ético, combativo e de massas.


Crítica política

As deliberações recentes da Coordenação Nacional da TM – CN-TM indicam a necessidade de uma reflexão da nossa militância sobre o significado da organização e o funcionamento das instâncias. O afastamento sumário do camarada Temístocles (TM-MG) e a intervenção na Coordenação Estadual da TM no Ceará, por exemplo, não são meras arbitrariedades ditatoriais isoladas. A não divulgação interna dos episódios e das razões que as motivaram, demonstram pouca preocupação com o debate essencial sobre o projeto político que aponta o sentido da construção da corrente.

Isso ocorre – e não há porque não dizê-lo – porque foram postas em movimento forças que tentam moldar a Tendência à real politik. O “realismo” na política, porém, nada mais é do que a expressão do fenômeno de uma direitização indisfarçável. Esta direitização, que tenta hegemonizar a CN-TM, não está apenas na opção pelo pragmatismo eleitoral. Não se limita à adoção do economicismo de resultados ou ao completo abandono das lutas sociais. Não reside somente no fascínio pelo poder institucional a qualquer custo. Não se evidencia unicamente na relativização de critérios éticos e políticos, conforme a utilidade. Não se restringe à aposta no inchaço despolitizado das bases locais. Muito menos na avidez por cargos nas estruturas das direções partidárias para chancela dessas práticas. A direitização precisa se justificar num conteúdo político.

O fenômeno, no entanto, decorre de um processo de maturação, no qual tenta forjar as condições necessárias para o seu predomínio. O direitismo vai ganhando corpo internamente: uma jogada aqui, cooptação ali, arbitrariedades acolá. Até que chega a hora em que se sente seguro para se expressar com toda sua força sedutora, embalado no rótulo de um discurso politizado, repleto de citações clássicas. Mas acaba por trazer à luz as verdadeiras verdades que professa – e que propositalmente as mantinha escondidas – revelando-se em toda sua degeneração política.

A mais recente incursão do economicismo direitista nos marcos da Tendência está contida nas teses divulgadas para a X Conferência Nacional da TM. Nelas, saltam aos olhos o abismo teórico em que boa parte da direção da TM se encontra mergulhada nos últimos tempos. Excetuando-se passagens pontuais, no geral expressam-se em textos vazios, adjetivados, metafísicos e desarticulados entre si. Como sempre, anunciam que é preciso haver um momento para fazer um balanço com profundidade adequada (momento este que nunca chega). Enfim, sequer é aproveitado o ensaio de análise para apontar alguma perspectiva, restando presa às mesmas constatações ensimesmadas.

No geral, as curtas formulações apressadas e superficiais (talvez para responder às cobranças dos atrasos na publicação), ignoram a perspectiva da mobilização organizativa da classe trabalhadora. Na contramão de uma boa teoria marxista, não se preocupam em formular teses para a ação política concreta, se constituindo sim, num balanço subserviente ao governismo lulista. A ação popular, quando mencionada, é deixada à solta: assim, quase como expressão de uma pura casualidade. Quais são as políticas da TM para os movimentos estudantil, sindical, popular, etc? Silêncio.

Não há, tampouco, referência à atualidade do marxismo e de sua análise estrutural para o embate na guerra de classes em curso. Inexiste menção ao universo de “excluídos(as)” resultantes da reestruturação produtiva do capital e das formas de subjetivação e controle social impostas de forma tutelar sobre a sociedade, e que conforma uma ameaça potencial à estabilidade da ordem burguesa. As teses não cumprem o papel de armar criticamente a vanguarda do proletariado, nem focam no diálogo como referência conscientizadora e organizadora dos(as) explorados(as), oprimidos(as) e perseguidos(as) pelo sistema. Em sua maior parte, elas se voltam para dentro, e não para fora.

As teses, apresentadas em nome da CN-TM, quando não resvalam abertamente numa espécie de eleitoralismo chapa-branca, se prendem a um amontoado de aspectos fragmentados, pinçados da conjuntura, numa abordagem exclusivamente institucional que, parodoxalmente, afirmam combater. Não que a TM não deva formular para as agendas dos governos, só não deveria girar sua ordem de prioridades e sua razão de ser para a institucionalidade, relegando a luta social ao segundo plano.

Quando o assunto é o PT, as teses aplicam a exaustiva fórmula do “debate inconcluso”. Não há, infelizmente, uma contribuição decisiva para avançar em tal debate. Só tergiversam enumerando alguns “desafios”. Como sempre acontece ao longo dos textos, as análises oscilam entre o derrotismo e a proclamação de frases feitas. A crítica ao fisiologismo político é externa. Dos outros.

Não se critica a burocratização e o arremedo de democracia interna no PT. Nem a submissão às dinâmicas dos arrebanhamentos nas eleições internas do PT – os chamados PEDs, experimentos fracassados da democracia operária. Talvez não seja interessante fazê-lo, por quem se beneficia da tática da rendição à lógica criticada com a desculpa de enfrentá-la.

No PED, tido numa grandiloqüente centralidade estratégica (como é próprio da falta de objetivos, ou melhor, do objetivo da disputa como um fim em sim mesmo), cita o impedimento à crítica pública a Lula como uma verdade definitiva e inquestionável, para evitar “municiar adversários”. É o partido rendido. Priorizar agenda institucional-eleitoral e não apontar perspectiva da ação no meio popular é sintomático do descolamento de atuais dirigentes da TM e da falta de vínculo com a base.

Ao constatar a redução do papel estratégico do PT como instrumento classista, perde-se a chance de abordar a fundo a resignificação da subversão da ordem e as contradições na institucionalidade diante dos conflitos sociais e da crise estrutural mundial. A mudança de avaliação sobre o caráter do PT como informada, serve, na prática, ao abondono da disputa por seus rumos à esquerda. Embora anuncie o inverso, não se apresentam os meios para executar a disputa. A análise só enxerga a crítica às alianças com o PSDB. E o restante da direita? Foi absolvido pela “governabilidade”.

Mas o governo Lula poderia deixar de ser refém da política em que se enredou. A oposição de PSDB e DEM sabe que não teria a menor chance de aprovar um golpe a essa altura, mas continua jogando para platéia. Só uma certa esquerda medíocre e serviçal ao governo Lula finge não perceber que não há clima para isso. Quer empanar a força da ampla aceitação popular do governo, para se valorizar como interlocutor da crise. Mas essa esquerda pragmática que se acha na moda por se apressar em aliviar um corrupto, oligarca, déspota e dissimulado como Sarney, pode acordar na contramão, esmagada pela roda inexorável da História, que não precisa pedir permissão para passar.

Não adianta usar novamente o medo para tentar vencer a esperança. A verdadeira governabilidade de Lula não está no PMDB nem no parlamento – tem que se assentar nas multidões, nas ruas. É tarefa da vanguarda propor a vigorosa marcha democrática de milhões de pessoas que são gratas aos programas de distribuição de renda, ao direito de estudar e fazer um curso superior, às oportunidades de iniciar negócios e créditos para cultivar e comprar sua casa. Essa massa de povo é a verdadeira força que se conclama para emparedar a direita e os barões da mídia e fazer o limitado governo Lula avançar ainda mais num programa de reformas radicais.

O papel histórico do PT é capitanear o avanço da luta de massas no Brasil e no mundo. É fazer a militância sair da letargia e encetar o grandioso movimento contra a corrupção e os corruptos e em apoio ao presidente Lula. Isso fará o governo sair da situação vexatória de tentar salvar o Sarney, bem como o resto carcomido do Senado. Mas os seguidores atarantados de Lula apostam no modelito do populismo “salvador da pátria”, então não vêm alternativa mesmo, a não ser a defesa envergonhada de Sarney. Mas como ele é indefensável, jogam areia no ventilador de todo mundo, chegando até ao cúmulo de criticar os próprios parlamentares petistas que cumprem o papel altivo de defensores da Ética republicana.

Por fim, voltando às teses, parece que houve a intenção de se entrar no debate acerca dos modelos de desenvolvimento, o que está posto na agenda política dos governos e das nações. Ou mesmo para atender um objetivo mais prático: dominar parte do debate em torno da candidatura do PT em 2010, num cenário de embate dos movimentos sociais e das comunidades extrativistas contra as pressões dos mega empreendimentos e do agronegócio. No entanto, nova decepção: deram-se ao luxo de elaborar uma insustentável base teórica para justificar sua adesão ao “desenvolvimentismo”, isto é, ao crescimento econômico pró-capitalista selvagem. Impressionante é que desejem fazer isso pelo viés “ecológico”, provando o gosto pelo rococó. Ignoram, tais “socialistas” que as contradições das relações humanas e com a natureza são mais amplas do que o maniqueísmo classista. Dedicaram tanto esforço a esta tarefa que soa falso. Deve ser pura provocação.


Crítica organizativa

O balanço político real que necessitamos fazer não é apenas um acerto de contas com a nossa trajetória. É sim o balanço político da atuação da maioria da CN-TM hoje. A verdade que não se cala é que a CN-TM, enquanto operadora e orientadora da construção, inexiste. Como ignorar que não há uma política concreta de acompanhamento dos Estados? A instância é incapaz de propor uma resposta organizativa em nível nacional para superar a desarticulação regional, constituindo na prática uma federação estanque de TMs estaduais. No entanto, nos momentos eleitorais, internos ou gerais, lá estão os(as) pretensos(as) dirigentes contando as “garrafinhas”, para serem alçados aos cargos de direção em nosso nome.

Não soaria cínica a crítica correta à diluição política da TM em nome da ampliação orgânica, não fosse exatamente o processo que dirigentes da CN-TM patrocinaram no Ceará. É sintomático, portanto, que a crise de degeneração moral do PT seja qualificada como “equívocos”. Como de praxe, inserida no mesmo discurso batido de “que a esquerda não fez isso, não fez aquilo”. Passou-se muito tempo apontando a necessidade de um balanço, de um acerto de contas, não só da trajetória da TM, mas do PT e de toda esquerda e, quando finalmente ele ensaia aparecer, o que se observa é um texto pobre de conteúdo e na forma de elaboração, em menos de duas páginas!

Faz-se necessária uma maior reflexão sobre o significado de mandatos parlamentares ou executivos e sua relação com forças orgânicas ideológicas de esquerda. Os objetivos de conquistar espaços na institucionalidade sempre foram para os(as) comunistas revolucionários, não um fim em si mesmo, mas a amplificação da propaganda ideológica classista de programas avançados de reformas sociais e o uso da tribuna para denunciar o capitalismo e suas mazelas. Estas devem ser as diretrizes que um mandatário militante deve desenvolver como exemplo no PT de abnegação à causa socialista.

Mas há casos em que militantes são eleitos(as) e passam a se apresentar como autoridades públicas, posando de mais importantes do que os(as) demais integrantes. Resultam de um esforço coletivo de construção e, por vezes, supõem poder direcionar a ação da organização conforme os interesses de governo ou das ambições particulares do jogo político. Não se justifica a recusa ao centralismo democrático por qualquer razão. Tampouco é aceitável que um mandato ou estrutura de poder, seja utilizado para cooptar, intimidar militantes ou outras práticas fisiológicas e autoritárias.

A corrente, por outro lado, não pode igualmente deixar de compreender a sua responsabilidade política com os mandatos, colaborando inadvertidamente para desconstruir referências importantes. É preciso saber construir o diálogo franco, aparar arestas, contornar conflitos e equilibrar as mediações necessárias dos limites da institucionalidade com as legítimas aspirações populares.

A verdade é que quem formulou as teses não acredita na força da concepção leninista de organização. Constata que a corrente existe “formalmente” e nada mais. Não afirma a necessidade da retomada orgânica. Pelo contrário, o que vem a seguir é a tentativa de explicar a incorporação indiscriminada da área de influência. Como saída para não parecer tão irresponsável, ao final lista um conjunto de estudos com temas vagos. Ou seja, ao invés de reforçar o empoderamento dos coletivos de base com vida efetiva e organismos dirigentes da vanguarda, aposta exatamente na diluição oportunista. Pode-se traçar um paralelo, guardadas as proporções, com o processo que levou à destituição dos núcleos do PT como elementos formadores da base partidária para o predomínio do estrelismo populista e de aparelhos burocráticos.

Para atingir seus objetivos, alguns membros da CN-TM parecem não encontrar limites: Vale passar por cima da militância ideológica histórica? Vale lançar mão de golpe na organização estadual? Vale manipular informes? Vale tentar intimidar e expulsar militantes? Vale escrever qualquer arremedo de tese “só para constar”? Vale filiação em massa de base inorgânica? Vale trair aliados? Vale falsificar delegações? E vale até virar “ecologista”?

A própria participação da TM na chapa da “esquerda do PT” no PED resulta desmoralizada por componentes da própria CN-TM. A maioria da CN-TM tem isso como uma aliança pontual e interesseira e não como a construção real de alternativa organizativa dos trabalhadores, por isso mesmo é citada vagamente nas “teses”. Segundo lideranças do bloco, no PED passado, à revelia das deliberações da CN-TM e do conhecimento da militância da TM, foi negociado às escondidas em nosso nome, com dirigentes da tendência Articulação Unidade na Luta, um acordo para compor a Executiva Nacional do PT, mesmo estando a TM formalmente na chapa “A Esperança é Vermelha”.

Se a atual CN-TM acabou desmoralizada externamente, que dirá internamente, ao se distanciar da linha ideológica e da construção de base da Tendência. A CN-TM tem sido usada e manipulada por algumas pessoas apartadas da luta política real, que se reúnem previamente às suas reuniões para “combinar” as decisões a serem tomadas, formando níveis decisórios paralelos. Inclusive se dando o direito de descumprir as deliberações tiradas, quando, por exemplo, “resolveram” inscrever apenas um nome, e não as duas candidaturas da TM no Encontro Setorial Nacional de Meio Ambiente do PT, conforme decidido na instância.

Que política de direção é essa? Não se interessam em divulgar suas resoluções. Prometem construir site na internet e não cumprem. Dizem que vão aos Estados e só visitam onde tem algum cargo para adular. Afirmam que querem construir os setoriais do PT, mas onde se elegem dirigentes sequer comparecem às reuniões. Pretendem nos representar, mas a maioria de seus/suas componentes não têm base, estão isolados(as) ou são hostilizados(as) em seus Estados de origem.

Sem meias palavras, esta ação desenvolvida por componentes da CN-TM, que hora denunciamos, tem o propósito de sabotar a organização da TM enquanto tal. Formou-se uma burocracia acomodada que quer usar o título “TM” para seus propósitos particulares. Quer ocupar cargo dirigente no Partido para reproduzir seu projeto pessoal de poder e não visando a transformação radical da ordem ou mesmo para tensionar o PT à esquerda. Quer transformar a TM num apêndice rendido da direita partidária.

A gota d'água é o processo desrespeitoso que está sendo imposto à militância da TM em sua Conferência Nacional. Depois de adiá-la inúmeras vezes, membros da CN-TM enviaram um correio eletrônico (e não publicação oficial da TM) propondo a composição das delegações nacionais por meio de “plenárias estaduais”, com base na contabilidade declarada de membros. A Resolução sobre Funcionamento Interno da TM, tirada na Conferência Nacional de 2000 e não revogada até agora, determina a realização de Conferências Estaduais com quórum.

Para não haver dúvida: isso quer dizer que a representação por Estado se dará na quantidade presumida de membros e não nas discussões oriundas dos coletivos de base. Isto é, se a Coordenação Estadual disser que são 150 integrantes, serão 15 delegados(as), se forem 300 garrafinhas, 30 delegados(as) e assim por diante: sem quórum, sem política financeira, sem obrigatoriedade de discussão política. É a “PEDalização” da TM. A desculpa: “a organização não funciona, então vamos aboli-la!”

É uma “reforma” estatutária sem constituinte, que corresponde à necessidade da inclusão à força das adesões de última hora. Não temos nada contra o crescimento da TM. Sempre tivemos um compromisso histórico com o fortalecimento da organização. É preciso separar o joio do trigo. Há sim integrações positivas de gente que se formou com simpatia por nossas idéias e práticas e há também quadros ideológicos engajados que se aproximam de nossa construção. Agora, aceitar que a TM inclua processos resultantes da manipulação massiva, sem substrato ideológico, é descaracterizar o sentido de construção da TM até aqui, enquanto agente social conscientizador e construtor das transformações radicais.

Não se trata de uma firula regimental. A Resolução de 2000 é acompanhada de um texto de fundamentação teórica leninista que sustenta, em suma, que uma política revolucionária só pode ser implementada por uma organização revolucionária, que atue segundo seus princípios e disciplina. Inversamente, uma organização somente se identifica enquanto revolucionária, se for capaz de desenvolver seus objetivos revolucionários. Fora disso pode ser grupo de amizade ou interesse, mas não é organização revolucionária. Então qual é o significado presente da TM enquanto instrumento emancipatório do povo trabalhador? O que diferencia a TM das outras correntes? É o que nos dirigimos hoje aos(às) camaradas da TM para questionar e refletir.

Muitos já se desencantaram. A maioria por não ver perspectiva. É importante restabelecer a crítica concreta, evitando-se adjetivações inúteis, visando a compreensão de conteúdo. É preciso retomar o materialismo histórico dialético contra a estagnação de pensamentos e ações. Somos produtos da rebeldia das massas proletárias contra os grilhões do capital. Nosso grito não se cala diante da canalhice da direita ou da pretensa esquerda.


Camaradas, está na hora de dar um basta nisso. Está na hora da militância no campo e nas cidades, que leva a sério a construção política de um instrumento revolucionário dos(as) explorados(as) dar um sonoro não à ação diluidora, liqüidacionista que vem tentando nos submeter. Está na hora de construir uma alternativa política ao discurso do fatalismo direitizante que quer se impor. Encarnamos a luta de resistência dos(as) que sonham com o mundo ético, justo e igualitário.

Já entregamos muito sangue, suor e lágrimas por nossas bandeiras. Dedicamos nossas vidas por sonhos que, com sacrifício, um dia irão se realizar. Sacrificamos muitas vontades e “facilidades” porque somos sonhadores(as) incorrigíveis. Queremos superar a mera sobrevivência. Queremos viver, com dignidade, honestidade e caráter! Nós, revolucionários comunistas, somos donos(as) de uma vontade inexorável: não aceitamos o abandono dos princípios originais que sustentam nossa construção até hoje. A organização pode até se adaptar a novas condições, mas nunca deixará de sê-la pela Revolução e pelo Socialismo.


Propostas para X Conferência Nacional da TM:

  • Revogar a resolução sobre a intervenção na Coordenação Estadual da TM no Ceará;

  • Reconhecer o resultado da Conferência Estadual da TM original no Ceará;

  • Cancelar “afastamento” sumário do camarada militante Temístocles da CN-TM;

  • Respeitar as delegações tiradas em Conferências Estaduais e não em plenárias;

  • Estabelecer a participação de representantes dos Estados na comissão organizadora da X Conferência Nacional;

  • Eleger uma nova CN-TM comprometida com a retomada organizativa, combinando coletivos de base e organismos dirigentes de vanguarda no PT e nos movimentos sociais;

  • Adotar o respeito à consciência e à organização revolucionária autêntica dos trabalhadores e das trabalhadoras, nossa história, princípios éticos e normas de funcionamento, como essenciais para alcançar nossos objetivos comunistas;

  • Fortalecer a luta popular ao lado da luta institucional: Construir a TM assentada sobre a mobilização de massas com mandatos a serviço da luta dos(as) trabalhadores(as);

  • Apoiar a luta do PT Maranhão contra a oligarquia Sarney e defender a governabilidade do Presidente Lula apoiada na força do povo.

Quem for de luta, assine embaixo.

Adriana Emília dos Santos e Silva – TM-RN, Aíla Maria Marques – TM-CE, Ana Jaqueline R. Lins – TM-CE, Ana Paula N. Lopes – TM-CE, Ana Valéria Holanda – TM-CE, Andréa Peixoto G. Aguiar – TM-CE, Antonio Arilo da Silva – TM-CE, Antonio Carlos Alberto A. Amaral – TM-CE, Antonio Ibiapino da Silva – TM-CE, Antonio José A. Silva – TM-CE, Antonio Ribeiro Neto (Cabo Osório) – TM-CE, Antônio Sales de Sousa – TM-CE, Antonio Terto – TM-CE, Arline Nobre – TM-CE, Berenice de Freitas Diniz – TM-MG, Carlos Emanuel B. Alves – TM-CE, Carlos Henrique C. dos Santos – TM-CE, Cícero Correia Lima – TM-CE, Cristiane C. da Silva – TM-CE, Domingos Braga Mota – TM-CE, Dorisval de Lima – TM-CE, Eanes Reutman de Paiva Lima – TM-RN, Edson Bezerra Galdino – TM-RN, Eli Pereira de Souza – TM-MG, Eliete V. da Silva Oliveira – TM-RN, Emanuel M. Vieira – TM-CE, Emília Maria L. da Silva – TM-CE, Enoque Gonçalves Vieira – TM-RN, Erbênia Maria Girão – TM-CE, Eugênio Pacelli F. de Araújo – TM-CE, Flávio Fernandes – TM-RN, Francisca Elzenita Alexandre – TM-CE, Francisca Robéria Peixoto – TM-CE, Francisco Carlos B. dos Santos – TM-CE, Francisco de Assis G. Filho – TM-RN, Francisco Estevão Rodrigues – TM-CE, Francisco Fábio M. Queiroz – TM-CE, Francisco Flademir B. Castelo Branco – TM-CE, Francisco Mairton Freire – TM-CE, Gilberto Diógenes – TM-RN, Ivanilde Santos – TM-CE, Ivone Maria de Oliveira – TM-RN, João Ferreira da Silva – TM-CE, João Ferreira Melo – TM-CE, José Barbosa de Assis – TM-RN, José Edson P. de Sousa – TM-CE, José Nilson R. do Nascimento – TM-CE, Josymary Vitoriano – TM-CE, Lécio Gregorio – TM-MG, Lidiane Freire – TM-RN, Lílian Macena – TM-CE, Luis Carlos Macêdo – TM-CE, Luiz Alves Neto – TM-RN, Marcelo Dantas de Medeiros – TM-RN, Márcio Roberto P. Alves – TM-CE, Marcos Antonio da Silva – TM-MG, Marcus de Vasconcelos Diogo da Silva – TM-CE, Maria da Conceição S. Pimenta – TM-MG, Maria do Socorro de Freitas Gomes – TM-RN, Maria do Socorro Rodrigues – TM-CE, Maria Eliete L. Sousa – TM-CE, Marilda M. de Sousa Silva – TM-RN, Mozart de Albuquerque Neto – TM-RN, Mozart P. de Mesquita Filho – TM-CE, Murilo da Rocha Paz – TM-CE, Neurilene Ris – TM-MG, Nelson Régis R. Maia – TM-CE, Neurilene Ris – TM-MG, Paulo de Tarso Bandeira – TM-RN, Pedro B. de Castro Filho – TM-RN, Pedro da Silva Bezerra – TM-CE, Rafael Rômulo Diógenes S. Bezerra – TM-CE, Rafael Tomyama – TM-CE, Raimundo Ivan B. da Silva – TM-CE, Raimundo Muniz Mendes – TM-CE, Raimundo N. Jerônimo de Oliveira – TM-CE, Raulene Gonçalves – TM-CE, Reginaldo Tomaz de Jesus – TM-MG, Robson Luiz A. Gomes – TM-RN, Rosemary Batista Maia – TM-CE, Rutilene Oliveira – TM-CE, Sergio Diniz Coleta – TM-MG, Sílvia H. Guimarães da Silva – TM-CE, Sinval F. da Silva – TM-CE, Sônia Holanda R. da Costa – TM-CE, Talve Johnson M. Façanha – TM-CE, Tarcísio Jerônimo do Nascimento – TM-CE, Temístocles Marcelos – TM-MG, Terezinha de Jesus A. Maciel – TM-CE, Tobias Antonio – TM-MG, Valdisnei Honório – TM-MG, Vankleilda Maria Silva – TM-RN, Vânia Silveira – TM-CE, Vicente Pinto – TM-CE, Wellington Nascimento de Oliveira – TM-CE, Zózimo Farias Filho – TM-CE



quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lição da Dialética

Resposta às afirmações publicadas em jornal de Fortaleza sobre o grupo factual do professor Pinheiro

A notícia, do dia 15 de maio de 2009, publicada no jornal O POVO, diz que as divergências partem de quatro irresponsáveis, “que nunca aceitaram” a aliança com Cid Gomes.

Essa versão macula o nome do professor e envergonha a tantos e tantas, que dão a vida construindo nossa organização, pois a indicação de seu nome para vice-governador partiu da Prefeita Luizianne e foi referendada numa ampla plenária da Tendência Marxista – TM, realizada na sede do Sindicato dos Servidores da Universidade Federal do Ceará. Quem fez a defesa dessa posição ele sabe muito bem quem foi, não preciso nem dizer. Portanto a divergência, não provém da aliança, nem da opinião dos “irresponsáveis”.

A verdade é que o grosso da divergência começou na eleição interna do Partido dos Trabalhadores – PT no ano passado, o chamado Processo de Eleição Direta ou PED, ocasião em que o Professor Pinheiro “vendeu uma mercadoria que não tinha como entregar”, como se diz, e ainda compactuou com a intromissão de forças estranhas ao PT na disputa interna do nosso partido.

Pinheiro e seu aliado Israel queriam que a TM favorecesse o candidato da Democracia Radical, grupo do deputado federal Guimarães, num acordo paralelo durante a eleição interna do PT.

Só esqueceram de três coisas: Primeiramente, a TM do Ceará não pertence a nenhum “capitão do mato”. Qualquer um de nós, individualmente não é nada, daí que ninguém faz negócio em nosso nome. Segundo, não trocamos nossa dignidade por nenhuma benesse do poder. Por último, rompemos ideologicamente com o grupo do Guimarães ainda no início dos anos 1990.

O professor deveria ter a decência de reconhecer que, na discussão interna sobre o segundo turno do PED, ele perdeu a votação por seis votos a três. Na ocasião, abandonou a reunião e nunca mais participou das atividades da TM. Formou um grupo paralelo e, inclusive, tentou desmobilizar algumas candidaturas do PT.

Em 10 de dezembro, às 17h, reuniu-se com a direção da tendência Democracia Socialista e lhe ofereceu a presidência do PT estadual. Pergunto, esse grupo de Pinheiro queria mesmo construir a TM ou fazer negócio em nome do coletivo? É nisto que consiste a verdadeira divergência.

Finalmente, lamentamos que a senhora Neila Batista, da Comissão da Executiva Nacional da TM, que dirige a Tendência de forma monárquica e que inclusive não realiza uma conferência há vários anos, tenha feito a indouta afirmação: “Os insatisfeitos que saiam”.

Distinta senhora, a terceira lei geral da dialética, segundo Engels, diz que: “o fenômeno do movimento geral da realidade, não se esgota em contradições irracionais, ininteligíveis, nem se perde na eterna repetição do conflito entre tese e antítese, entre afirmações e negações. A afirmação engendra necessariamente a sua negação, porém a negação não prevalece como tal: tanto a afirmação como a negação são superadas e o que acaba por prevalecer é a síntese, é a negação da negação”.

Assim na escolha da tática de 2004, defendi internamente a candidatura de Luizianne à Prefeita de Fortaleza. Já Pinheiro, na época, defendeu o nome de Inácio (PCdoB). Na Executiva da TM a minha proposta perdeu por 9 votos a zero. Na Coordenação da TM foi perdida por 11 a um. Somente na plenária geral da TM é que foi possível a mudança na tática da organização, o que adiante permitiu constituir a maioria do Diretório favorável à Luizianne.

Sabem qual foi a síntese do conflito entre as teses? Primeiro, a vitória da postulante, companheira Luizianne eleita Prefeita. Em conseqüência disso, houve a condução dele à Secretaria Regional IV da Prefeitura de Fortaleza e depois a vice-governador.

Na época dessas discussões, é bom não esquecer, esta mesma Coordenação Nacional da TM – CN-TM intervencionista enviou o Israel, um de seus integrantes, para intervir e sabotar a nossa decisão de apoiar a Luizianne. Sobre isso, essa senhora Neila não fala. Prefere desprezar a dialética em apoio a consigna simplista e vulgar da ditadura militar: “Ame-o ou deixe-o”. Tal postura só pode partir de uma dirigente ignorante.

É por isso que a atual CN-TM se aproxima do fracasso político.

Antonio Ibiapino da Silva – TM Ceará

quarta-feira, 1 de julho de 2009

TM realiza X Conferência no Ceará

Nos dias 29 e 30 de maio, aconteceu na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Federais – Sintsef, em Fortaleza, a X Conferência Estadual da Tendência Marxista – TM do Partido dos Trabalhadores – PT do Ceará. Convocada com antecedência por meio de Edital dos coletivos de base da TM-CE e seguindo as normas de Resolução nacional da TM, o evento recebeu 96 presentes, entre delegados(as) e observadores(as) de todo Estado, aprovando a quase totalidade de suas resoluções por consenso.

Compareceram membros de todos os coletivos organizados: ambientalistas, bancários, comerciários, educadores, movimento popular, mulheres, operários, servidores públicos e vigilantes e também de coletivos municipais do interior do Ceará.

Feita a abertura e o credenciamento, a X Conferência iniciou na manhã de sábado com quórum, assistindo a uma explanação de Análise de Conjuntura. Em seguida foram abertas 20 intervenções, que protagonizaram um rico debate sobre a atuação partidária em relação aos governos e aos movimentos sociais e sobre o significado da Revolução no Brasil.

Após o almoço, as discussões se concentraram nos caminhos para reconstrução da TM no Ceará numa perspectiva efetivamente combativa de esquerda, sendo ao final do ponto discutido e aprovado o Manifesto que consta neste Blog.

Foram tratadas ainda acerca das participações da corrente no Processo de Eleição Democrática – PED do PT, ainda este ano, e nas eleições gerais, em 2010. Por fim, foi escolhida e aclamada a nova Coordenação Estadual e aprovadas resoluções e moções. A X Conferência encerrou-se com uma breve avaliação e o agradecimento a todos(as) que compareceram, à equipe de organização e ao pessoal do Sindicato que cedeu o espaço para a realização do evento com sucesso.

Há que se destacar ainda a participação entusiástica da Juventude da TM, que chegou a realizar duas breves reuniões nos intervalos da Conferência, com o envolvimento de cerca de 15 jovens do interior e da capital, que conversaram e se organizaram para construção política da JTM.

Num balanço geral, o evento foi identificado como um momento de muito amadurecimento e debate político, que envolveu declarações de solidariedade contra as arbitrariedades que marcam a história recente da organização no Estado e de união em torno das deliberações tomadas.

Lideranças prestigiam abertura

Representantes de forças políticas e de movimentos sociais compareceram à abertura da X Conferência Estadual da TM-CE, na noite da sexta-feira, dia 29/05, na sede do Sintsef. Lideranças das correntes do PT: Articulação, Democracia Socialista, Fórum Socialista e PT Reunido e da Central de Movimentos Populares, prestigiaram a composição da cerimônia de abertura. As falas saudaram a realização da Conferência da TM-CE e expressaram sua solidariedade e satisfação com a perspectiva de reorganização da TM no Estado. A parte inicial encerrou-se após os informes sobre o andamento dos trabalhos no dia seguinte.


Conferência Nacional é adiada

Conforme informado pela Coordenação Nacional da TM, a X Conferência Nacional da TM foi adiada novamente para os dias 15 e 16 de agosto, em Brasília.

Resoluções e moções

Resoluções de resistência da TM-CE

1. Nós, da TM-CE, avaliamos que o PT é um instrumento importante para as lutas da classe trabalhadora e é nosso desejo e vontade permanecer militando em seu interior;
2. Neste intuito, continuaremos desenvolvendo o esforço para edificação do campo “Esperança Socialista” no Ceará e pela unidade da esquerda partidária em nível nacional;
3. Reafirmamos a incompatibilidade do capitalismo com a ética e a eqüidade social;
4. E que o Socialismo segue sendo o marco estratégico revolucionário, de realização possível de uma sociabiliade igualitária e fraterna;
5. Assim sendo, seguimos defendendo a consciência e a organização revolucionária autêntica dos trabalhadores e das trabalhadoras, nossa história, princípios éticos e normas de funcionamento, como essenciais para alcançar nossos objetivos comunistas;
6. Indicamos a aprovação da continuidade das gestões à frente do PT Estadual e municipal de Fortaleza, nas formas das reeleições das candidaturas das forças políticas a presidentes das duas instâncias, e integrando chapa própria com o campo de esquerda do PT para os respectivos diretórios;
7. Indicamos o apoio ao lançamento de candidatura proporcional da TM em 2010, apresentando o nome do camarada Antonio Ibiapino como candidato a deputado estadual.

Moções

Moções de apoio à luta do povo cubano, aos governos de caráter esquerda e socialista da américa Latina, aos(às) professores(as) em greve do Estado e município de Fortaleza pela imediata implantação do piso salarial reivindicado pela categoria, à luta dos(as) comerciários(as) pela regulamentação do horário de funcionamento do comércio, ao projeto de lei que regulamenta o risco de vida dos vigilantes e em solidariedade às vítimas das enchentes.

Coordenação Estadual da TM/CE

Componentes da nova Coordenação Estadual da TM-CE eleita na X Conferência Estadual da TM-CE:

Aíla Maria Marques (professora)
Ana Jaqueline Lins (mulheres)
Ana Paula Nogueira (professora)
Ana Valéria Holanda (ambientalista)
Anto. Ibiapino da Silva (radialista)
Carlos Emanoel Alves (juventude)
Cícero Correia Lima (comerciário)
Dorisval de Lima (bancário)
Eugênio Pacelli (professor)
João Ferreira (bairro)
Luana Marques (juventude)
Luís Carlos Macêdo (servidor público)
Rafael Tomyama (ambientalista)
Rdo. Ivan Bezerra (comerciário)
Rdo. Jerônimo de Oliveira (operário têxtil)
Sílvia Guimarães (mulheres)
Talve Johnson Façanha (vigilante)

Os(as) 17 componentes da Coordenação Estadual da TM-CE já se reuniram no dia 01/06 e definiram a Executiva Estadual da TM-CE com 9 componentes, a divisão interna de trabalho e a dinâmica de funcionamento.

MANIFESTO POR OUTROS SONHOS POSSÍVEIS

À Militância da Tendência Marxista do Partido dos Trabalhadores – Parte 2

“O desacordo entre o sonho e a realidade nada tem de nocivo se, cada vez que sonha, o homem acredita seriamente em seu sonho, se observa atentamente a vida, compara suas observações com seus castelos no ar e, de uma forma geral, trabalha escrupulosamente para a realização de suas fantasias.”

(Lênin cita Pissarev em “O que fazer?”)

A edificação do Partido dos Trabalhadores deu-se como novidade no cenário do fim da ditadura militar e a retomada histórica da democracia formal no Brasil. Com um programa político de contestação ao status quo, combativo e classista, engajado em amplos movimentos sociais, referenciado numa concepção socialista, popular e democrática, o PT nasceu como instrumento de organização do povo explorado. Sob a bandeira da estrela cresceu a referência de massas e se somaram inúmeros militantes devotados e voluntariosos de diversas matizes ideológicas.

É imprescindível saber de onde viemos e o que buscamos. Somos parte desta história. Somos herdeiros das lutas proletárias em todos os países. Somos frutos dos cárceres e dos martírios por toda América. Quando o PT surgiu, muitos de nós já caminhávamos nas lutas e sofríamos perseguições. Não era fácil se afirmar “petista” naqueles tempos. Mas persistimos, dedicamos anos de paciência cuidadosa para forjar o PT enquanto um referencial poderoso em meio à guerra das classes.

Quando prevaleceu o mesmo velho desencanto revisionista, na embalagem de uma suposta “nova esquerda”, preferimos sonhar e tornar o sonho possível. Sustentamos princípios e reinventamos a nós mesmos enquanto movimento. Movimento por uma Tendência Marxista. Sabíamos dos riscos da pretensão auto-proclamatória, mas também sabíamos que o mais importante era o conteúdo que afirmava e não o seu rótulo.

“A TM é uma corrente revolucionária definida filosoficamente pelo marxismo, entendido como corrente crítica, revolucionária e humanista. Entende que o ser humano é um ser da práxis, sobre a qual se funda o próprio processo de humanização. Acredita na capacidade teleológica da subjetividade humana, nas condições exteriores que se lhe apresentam, de recriar a objetividade social sem a ela render-se. A sua opção pelo marxismo não se dá como simples referência, mas pela incorporação de um conjunto de valores, além de um fundamento teórico-filosófico. Reconhece-o como teoria, cultura e patrimônio político-ideológico do movimento proletário.” *

De lá prá cá, o PT e a esquerda brasileira disputaram e conquistaram posições destacadas no âmbito da institucionalidade vigente, com alguns mandatos e governos que trouxeram as marcas da ousadia e da honestidade na gestão pública. Outros nem tanto.

Programas como o Orçamento Participativo, bolsas e medidas compensatórias ingressaram no imaginário popular como o “modo petista” de administrar. A agenda inverteu-se e perpassa a impressão que aos revolucionários restou um papel de resistência nas trincheiras dos movimentos sociais.

Resistimos às tentativas de retirada do caráter socialista original do PT, embora não se tenha avançado no que significa tal “socialismo petista”. Resistimos ao fim do direito de tendências e às expulsões esquerdistas, enquanto testemunhamos sucessivos rebaixamentos programáticos até o ápice com a “Carta aos Brasileiros” o atestado de “bom comportamento” do Campo Majoritário do PT à burguesia transnacional. Resistimos ao fim dos núcleos e vimos crescer vertiginosamente a burocratização das instâncias partidárias. Resistimos à manipulação da democracia interna e observamos o império do estrelismo, do aparelhamento e da despolitização das contabilidades de “garrafinhas”. Resistimos ao afastamento das bases, dos movimentos sociais e notamos a degeneração das práticas por setores dirigentes.

Depois de tantos embates e recuos, agora se vislumbra a contaminação da própria esquerda partidária. Mesmo onde concepções identificadas à esquerda avançaram para dentro do aparelho estatal, é preciso admitir que prevalece uma correlação de forças pró-capital, tendo havido avanços limitados para os movimentos organizados. A permissividade entre os papéis é tão grande que há hoje quem misture propositalmente a institucionalidade do Estado burguês com a dinâmica dos movimentos sociais.

Evidentemente houve avanços também. As políticas neoliberais demonstraram seus limites. Mas a crise estrutural do sistema em curso não é potencializada para um direcionamento francamente socialista. A política de acomodação conciliadora em torno de um “capitalismo humanizado” leva o governo Lula, por exemplo, a emprestar fôlego ao falido FMI, enquanto os famintos do mundo questionam o papel dos organismos multilaterais.

Parece que alguns de nós se esqueceram do que passaram. Ou supõem que as cicatrizes do passado de combates, converteu-se num salvo-conduto agora para se renegar a própria história, suplantada pela colheita de dividendos políticos.

Será uma mera “ingenuidade” querer fazer política “sem se sujar”? Que papel cumpre uma organização revolucionária diante da crise mundial do capitalismo? Quais desafios enfrentamos para manter o PT numa linha à esquerda?

“A TM tem como propósito humano-universal a emancipação da humanidade na sociedade comunista, entendida como projeto racional de fundamento ético-ideológico, tornado possível pela própria existência objetiva das formações sociais burguesas, com suas leis e necessidades. Trata-se de um propósito que, posto pela história, poderá ser objetivado na práxis revolucionária. Assim, rejeita as noções, tanto de que o socialismo é uma simples decorrência da evolução orgânica das relações de produção capitalistas, quanto de que é apenas uma utopia ou referência moral. Afirma como tarefa central a luta pelo socialismo, concebido como possibilidade de transição dentro de uma situação histórica concreta.” *

A reestruturação produtiva do capital em andamento desloca a centralidade das lutas do mundo do trabalho para outras esferas da vida cotidiana. A diversidade das pautas e bandeiras redefine, num amplo “movimento de movimentos”, os espaços das lutas renovadas que se materializam no Fórum Social Mundial e nos enfrentamentos populares contra as megacorporações oligopólicas e seus organismos financiadores e regulatórios, como o Banco Mundial e a OMC.

Surgimos da necessidade de manter acesa a chama de alguns princípios, como: a difusão dos valores da emancipação humana, da lealdade e da fraternidade; a defesa da revolução socialista; o combate à exploração e à opressão capitalista e latifundiária; o estudo e a formação teórica e política; a solidariedade e luta ao lado de perseguidos(as) pela reação política, entre outros. São princípios para não se subordinar aos conchavos e às mutretas da velha conhecida pragmática do peleguismo de resultados, sob a égide do discurso pseudo-esquerdizante.

Somos parte da continuidade da luta revolucionária no Brasil e no mundo. Não somos neófitos, nem desconhecidos dos que lutam. Construímos uma reputação de combatividade nas bases: nos movimentos sindical, popular, estudantil, enfim, nos movimentos sociais, para fortalecer um projeto de transformações radicais.

A par das vitórias, infelizmente o que observamos, no entanto, são inúmeros desvios. Poderíamos guardar diferenças de concepção e construção política com setores ditos “moderados do partido”. Mas o que se verificou foi a degeneração de um setor que expôs o PT à desmoralização pública.

A denúncia da existência da “infiltração” de práticas oportunistas mesmo na esquerda partidária, nem sempre encontra respaldo na crítica e na punição exemplar, mas resulta em condescendência, corporativismo e até a perseguição aos denunciantes. A desculpa é o rebaixamento do horizonte organizativo: as regras existem mas ninguém as segue.

Hoje assistimos decepcionados à liqüidação da organicidade enquanto tal. Não por nossa vontade e consentimento, muitas vezes nos encontramos sem capacidade de direção política, longe da base e à mercê de interesses particulares. Nota-se que o discurso político não corresponde à prática e prevalece a degeneração e o oportunismo.

A verdadeira democracia operária é incompatível com a ausência de regras e da qualidade na construção de seu conteúdo político. Sem isso, é um ritual de confirmação ou um simulacro para referendar o que está imposto. Ante o consenso subalterno e personalista, preferimos a ousadia original e coletiva das cabeças pensantes.

Não se trata de uma cruzada moral ou mesmo de um apego a um formalismo exacerbado. Não nos achamos perfeitos e infalíveis. O exercício da crítica é parte do debate que sempre propugnamos.

Trata-se, isso sim, de qual concepção de organização defendemos. Qual tipo de sociedade pretendemos construir e de qual Revolução estamos falando? Se vale tudo na luta pelo poder então quais são os princípios que balizam a causa que construímos?

“Os militantes têm o dever de: difundir os valores da emancipação humana, defender a revolução socialista e aplicar a política deliberada pelo coletivo; combater a exploração e a opressão capitalista e latifundiária; trabalhar pela construção da TM e do PT, convidando novos combatentes para participar da esfera orgânica; comunicar às suas instâncias as informações relevantes à sua disposição, relativas à política e às frentes de atuação da Tendência, mesmo em acontecimentos nos quais estejam envolvidos informalmente, assim prevenindo ou corrigindo erros políticos e potencializando a atividade coletiva; relacionar-se individualmente com o coletivo, e não através de grupos com interesses ou plataforma próprios; desenvolver a lealdade e a fraternidade, desestimulando a intolerância, o sectarismo e a intriga; estudar e procurar desenvolver a sua formação teórica e política; prestar solidariedade e lutar ao lado dos perseguidos pela reação política...” *

Vamos continuar resistindo onde sempre estivemos: não nos desviamos da chama inicial que iluminou nossos passos. A solidariedade generosa dos trabalhadores organizados é o nosso lar. Não estamos à venda por cargos ou benesses. Tampouco estamos aí fazendo o jogo patronal e eleitoreiro. Vamos continuar nossa marcha pelo caminho socialista. Em meio às facilidades do senso comum anticomunista, afirmamos, inversamente, a defesa dos valores da fraternidade revolucionária e da partilha em comunidade.

É preciso avançar. Acreditamos no marxismo não como um tratado dogmático e imutável, e sim como teoria da ação transformadora. Um fundamento que não estacionou no tempo, mas que se mantém atual como crítica da economia política e como método do materialismo histórico e dialético.

Este é um convite à luta. Convidamos os autênticos lutadores do povo a se somarem neste resgate dos princípios que sempre pautaram nossa história. Convidamos a militância a reverter a letargia paralisante em ações revigoradoras da práxis que anima nossa ânsia em tornar os sonhos possíveis.

Em virtude dos últimos acontecimentos verificados na nossa organização é que estamos juntos na luta de resistência, em defesa de nossos regulamentos e princípios, construindo uma Conferência de quem acredita no marxismo autêntico e numa perspectiva revolucionária.

Fortaleza, 30 de maio de 2009

*trechos da Resolução sobre o Funcionamento Interno da TM, aprovada em Conferência Nacional em 2000.

Assinam:

Adriano Torquato – tecnologia da informação, Aíla Maria Marques – professora, Ana Jaqueline R. Lins – mulheres, Ana Paula N. Lopes – professora, Ana Valéria Holanda – ambientalista, Andréa Peixoto G. Aguiar – assistente social, Antonio Arilo da Silva – agrônomo, Antonio Carlos Alberto A. Amaral – servidor público, Antonio Ibiapino da Silva – radialista, Antonio José Silva – popular, Antonio Ribeiro Neto (Cabo Osório) – comerciário, Antônio Sales de Sousa – comerciário, Antonio Terto – popular, Arline Nobre – mulheres, Carlos Emanuel B. Alves – juventude, Carlos Henrique C. dos Santos – operário têxtil, Cícero Correia Lima – comerciário, Conceição Maria V. de Lima – popular, Cristiane C. da Silva – juventude, Diana de Sousa – popular, Domingos Braga Mota – comerciário, Dorisval de Lima – bancário, Edilene Sales – professora, Emanuel M. Vieira – professor, Emília Maria L. da Silva – professora, Erbênia Maria Girão – professora, Eugênio Pacelli F. de Araújo – professor, Fernanda Cavalcanti – professora, Francisca Robéria Peixoto – ambientalista, Francisca Elzenita Alexandre – professora, Francisco Carlos B. dos Santos – metroviário, Francisco Estevão Rodrigues – juventude, Francisco Fábio M. Queiroz – radialista, Francisco Flademir B. Castelo Branco – professor, Francisco Mairton Freire – operário têxtil, Francisco Tiago F. do Nascimento – juventude, Helenice Pereira – comerciária, Ivanilde Santos – comerciária, João Batista Costa – vigilante, João Ferreira da Silva – popular, João Ferreira Melo – operário têxtil, José Edson P. de Sousa – vigilante, José Newton C. Júnior – agrônomo, José Nilson R. do Nascimento – comerciário, Josymary Vitoriano – professora, Juvimário A. Moreira – juventude, Lílian Macena – juventude, Luana Marques – juventude, Luis Carlos Macêdo – servidor público, Luiz Belino F. Sales – geógrafo, Manoel Neto A. Maciel – estudante, Márcio Roberto P. Alves – professor, Marcus Diogo da Silva – tecnologia da informação, Maria do Socorro Rodrigues – mulheres, Maria Elaini M. Lustosa bibliotecária, Maria Eliete L. Sousa – popular, Maria Letícia C. Santos – mulheres, Mírian Amaral Ferreira – mulheres, Mozart P. de Mesquita Filho – zelador, Murilo da Rocha Paz – comerciário, Nelson Régis R. Maia – operador de áudio, Pedro da Silva Bezerra – operário têxtil, Rafael Tomyama – ambientalista, Raimundo Ivan B. da Silva – comerciário, Raimundo Muniz Mendes – operário têxtil, Raimundo N. Jerônimo de Oliveira – operário têxtil, Raul A. Monteiro Jr. – psicólogo, Raulene Gonçalves – ambientalista, Rômulo Diógenes S. Bezerra – operário têxtil, Rosemary Batista Maia – popular, Rutenes Fernandes – servidor público, Rutilene Oliveira – comerciária, Sílvia H. Guimarães da Silva – mulheres, Sinval F. da Silva – comerciário, Sônia Holanda R. da Costa – professora, Talve Johnson M. Façanha – vigilante, Tarcísio Jerônimo do Nascimento – operário têxtil, Terezinha de Jesus A. Maciel – professora, Vânia Silveira – juventude, Vicente Pinto – metroviário, Wellington Nascimento de Oliveira – vigilante, Zózimo Farias Filho – educador


(aberto a adesões)