As postagens que seguem constituem um documento de balanço político da nossa ação partidária no último período e de estabelecimento das perspectivas gerais para nossa atuação militante em 2010

e o velho se recusa a morrer” A. Gramsci*
O PT como conhecemos e ajudamos a construir está desaparecendo. O PT das lutas e de lutadores(as) do povo está sendo destruído. O PT que nasceu das barricadas pelas liberdades democráticas, das bandeiras renovadas da combatividade e das caminhadas populares por nossos ideais, pão, terra e liberdade está dando lugar ao pragmatismo político. O PT da oposição ideológica ao sistema assumiu sem medo a disputa pelo poder para transformá-lo e acabou transformado num ser adaptado à ordem. Por nossas mãos, inclusive, enveredou pelo labirinto do minotauro.
Como nos ensina a dialética, há sempre algo florescendo em meio ao que se acaba. Somos parte do que se acaba e do que recomeça. Somos também o minotauro que perseguimos e que nos persegue. Residimos na contradição e a contradição reside em nós. É nossa tarefa distinguir o que é fundamental conservar e o que é imperioso mudar.
ANTECEDENTES
Para elaborar uma crítica ao processo em curso no Partido, é preciso destacar alguns elementos que se evidenciaram no cenário e do qual tomamos parte. A tomada de assalto da organização que antecedeu ao PED está inserido no contexto maior de crise da esquerda como um todo. A fragmentação e saída de levas de militantes do partido é um indicador da falta de perspectivas organizativas que apontem conteúdos e práticas que efetivamente se materializem no sentido da superação do capitalismo.
Mesmo assim, a militância do Coletivo Marxista encabeçou lutas históricas nos movimentos populares e nas categorias organizadas. No movimento sindical, por exemplo, construímos o resgate do Sindicato dos Vigilantes para luta, formamos chapa própria para eleição do SINDIUTE (professores(as) do município) e crescemos no reconhecimento da categoria ao denunciar as fraudes no seu processo eleitoral, fizemos parte da conquista comerciária da lei do direito ao descanso semanal aos domingos, mantivemo-nos na direção da CUT-CE e vencemos a batalha política em torno da direção do Sindicato dos Servidores Públicos Federais. Crescemos ainda na juventude, nos bairros e nos movimentos ambientalista e de mulheres, participando das Secretarias Setoriais do PT. Conquistamos e nos mantivemos como referência na mesa diretora do Conselho Estadual de Saúde.
Diante do quadro de desmonte organizativo, estabelecemos uma tática reativa para preservar nossos espaços e objetivos. Esta tática definiu a prioridade em torno das disputas em 2010, considerando a Executiva Estadual do PT e a candidatura de Ibiapino a Deputado Estadual. Além disso, buscou manter uma construção em aliança com forças da esquerda partidária no plano local, e posicionou-se também numa perspectiva de construção pela esquerda no plano nacional.
É preciso que neste balanço, mais do que identificar os elementos que levaram ao sucesso ou não desta tática, procuremos estabelecer as bases para sua rápida superação, pois, como dito, ela foi implementada num momento difícil, face aos acontecimentos que se verificaram no primeiro semestre de 2009 e que levaram à divisão da nossa antiga corrente.