quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

LIMITES E POSSIBILIDADES

Neste quadro, o nosso esforço sincero para manter unidas as forças do campo “Esperança Socialista”, que construímos com abnegação durante um bom tempo, foi insuficiente. As motivações que resultaram na nossa ruptura interna também influíram sobre o cenário geral e acabaram por nos posicionar de forma diversa. Infelizmente, não por nossa vontade, a diretriz de manter a unidade do campo foi rompida pelo imediatismo da reprodução de interesses pessoais. O que é indicador de um erro político maior, a ser evidenciado pelo tempo.

Mesmo no campo remanescente, há tensionamentos conjunturais que dificultam a efetivação da unidade. Entretanto, a nossa abertura para uma reorganização pode nos colocar numa posição de foco de iniciativas orgânicas positivas. Há o interesse em manter um canal de diálogo com várias forças que atuam no partido no Ceará. Devemos acompanhar atentamente os desdobramentos dos debates.

No balanço final, mesmo com o resultado ainda pequeno no interior, há uma valorização da importância do trabalho lá e das novas frentes se abrindo. Garantimos a preservação de nossa posição na direção estadual e cumprimos a meta esperada na capital. A par de alguns esforços decisivos em alguns setores, devemos admitir que a atuação de boa parte do nosso grupo no PED em Fortaleza revelou-se dispersa, desorganizada e ineficiente. Mesmo assim, cumprindo em torno de 60% da meta estabelecida pela chapa, nos mantivemos com um saldo razoável, frente ao quadro geral de quebras em todas as forças.

Diante desse quadro, como devemos atuar?

O PT segue sendo a grande referência para a massa trabalhadora. Mais do que isso, as políticas diferenciadas emanadas dos governos populares, em especial do governo Lula, atingem milhões de pessoas. Isto é, a ascensão social de parte significativa do mundo do trabalho passa por políticas governamentais, operadas por dirigentes identificados com a insígnia petista. A esquerda tem que ter em mente, em que pesem desconfianças setorizadas, que as famílias e círculos de convivência do povo trabalhador, estão em contato permanente com o imaginário e a materialidade das inversões de prioridades que tem a cara do PT como norte político.

Reconhecer isso, por outro lado, não pode corresponder à perca do senso crítico. Os limites reformistas das medidas compensatórias estão evidentes, pois não permitem o acúmulo de forças para a luta emancipatória do proletariado e se restringem ao endeusamento populista das celebridades e à reprodução indefinida no poder.

Se a melhoria das condições gerais de vida do povo podem resultar no aumento do conservadorismo, na medida em que desejam manter a melhoria no seu patamar de sobrevivência, contraditoriamente, aumenta a insatisfação e a consciência de classe, ao se depararem com os limites das possibilidades capitalistas. Assim sendo, cabe, ou caberia, ao partido de trabalhadores(as) não abrir mão da disputa de hegemonia ideológica e a organizar o meio popular para a intensificação da combatividade em torno de bandeiras concretas, como por exemplo: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a implantação do piso docente e pela equiparação das aposentadorias.

É preciso estabelecer uma estratégia política que reverta o papel secundário da esquerda autêntica na direção partidária. E isso se faz com investimento no trabalho de base com formação política. Isso é possível com uma inserção decisiva nos movimentos sociais, com a construção de alternativas de emprego, renda e sociabilidade.

Não há outra saída viável. Ou nos atiramos nestas tarefas políticas ou estamos fadados a virar parte do folclore empalhado em algum lugar no passado. É preciso combinar a luta social de massas com instrumentos de propaganda e agitação política. São enormes os desafios colocados e não será tarefa de um único coletivo de abnegados. É preciso uma articulação mais ampla e generosa que coloque a perspectiva socialista de volta ao foco.

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