domingo, 23 de maio de 2010

Artigo

JUVENTUDE E SUSTENTABILIDADE

O crescimento da população e a grande concentração nas cidades gera o aumento da produção de alimentos e bens de consumo. A superexploração da mão-de-obra e dos recursos naturais agravam as crises sociais e ambientais. Está na hora de se pensar numa outra forma de desenvolvimento para a humanidade.

O momento é grave e exige respostas urgentes. As mudanças climáticas provocadas pela intensificação das atividades produtivas e de consumo, têm causado graves consequências em todo o planeta. E as pessoas mais pobres são as que mais sofrem com tudo isso.

De quem é essa conta? Quem deve pagar? O modelo de desenvolvimento capitalista, beneficia os poderosos, baseia-se na acumulação privada das riquezas e na socialização dos danos sociais e ambientais. Este sistema levou o planeta ao esgotamento sem ser capaz de prover às necessidades do conjunto da humanidade.

Cabe à juventude o papel protagonista de apontar alternativas. A crítica ao capitalismo é a premissa da busca por outros rumos na construção de uma sociedade que respeite o meio ambiente, que contemple uma ética voltada para os interesses coletivos, que busque sempre o bem estar do povo frente aos interesses individuais e que substitua a lógica do consumo exacerbado pela vida consciente e sustentável.

Como tarefas imediatas, devemos: acumular forças no movimento social, disputar projetos de governo que dialoguem com este pensamento, adotarmos práticas alternativas que ganhem a população para o nosso projeto, contribuir a partir destes pressupostos na elaboração do programa de governo com o qual nossa candidata disputará a sucessão do Presidente Lula e avançar para a implementação de reformas democrático-populares no Brasil.

Eis os desafios, mãos a obra!

Fortaleza, 4 de maio de 2010
Juventude da Revolução Socialista / PT

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Organização

Momento assinala retomada histórica

O processo de nossa reconstrução orgânica no interior do Partido dos Trabalhadores e na atuação nas frentes de massas teve seu coroamento na Conferência e Encontro Nacional realizados em Fortaleza, em meados de abril de 2010. É o resultado de nossa obstinação que compreendemos a importância da firmeza nas lutas pelo verdadeiro legado histórico, da coerência política, e dos fundamentos, valores e princípios marxistas.

Por meses mantivemos praticamente íntegra a fração formada com o rompimento de quadros históricos da Tendência Marxista. Evitamos a dispersão e agregamos antigos(as) e novos(as) militantes, em torno das batalhas contra-hegemônicas. Resistimos aos ataques e às perseguições de cabeça erguida. Mantivemos acesas as esperanças em outra forma de fazer política e em outro mundo possível.

As críticas que apontaram a degeneração daquela corrente política agora confirmadas, servem para constatar o que afirmávamos: a sua incompatibilidade com a práxis marxista e a decadência que a tomara de assalto e que desfiguram o seu caráter de esquerda.

Balanço da Conferência

Enquanto a nossa organização anterior visivelmente se esfacela, realizamos o processo vitorioso que culminou com nossa Conferência e Encontro Nacional. Realizamos nosso propósito de nos reorganizar em evento bem estruturado e inteiramente bancado por nossas contribuições militantes. Apresentamos e discutimos democraticamente resoluções sobre conjuntura, organização partidária e tática eleitoral. Lançamos nosso Manifesto de fundação e elegemos consensualmente a nova Coordenação Nacional.

Além de decisões específicas sobre mulheres e juventude, houve também recomendações sobre a publicação dos resultados, política de comunicação e realização de um próximo momento para discussão do PT.

Está é uma organização que nasce profundamente comprometida com as lutas das mulheres, da juventude, dos movimentos populares e sindical e do meio ambiente. Apesar de todas as dificuldades e perseguições, estamos de pé construindo a verdadeira política libertária.

Apresentamos um balanço final positivo, o que nos inspira e a mais e mais combatentes. É importante juntar pessoas da capital e do interior e de diversos estados. É essencial arrumar a casa para partir com garra para mais uma campanha eleitoral. Nosso perfil combativo, de luta, vai marcar o cenário político em 2010 e adiante

Nasce uma nova Tendência

A novidade está na marca renovada da Tendência da Revolução Socialista. Pode soar estranho, em tempos de realismo pragmático, (re)afirmar o caráter revolucionário da construção socialista. Mas é precisamente o que somos e fazemos questão de afirmar - que os princípios que moldaram nossa história não se cansam de teimar em dizer - não há saída para a classe trabalhadora e para crise global e planetária sob a égide capitalista.

Após a realização da Conferência nossas tarefas estão centradas no fortalecimento da organização consciente do proletariado. Nossa Tendência renovada e renovadora já vem funcionando como pólo aglutinador de experiências e vontades em torno da constituição de um campo autenticamente à esquerda no PT e nas lutas sociais. Nos estados, no campo e na cidade escrevemos uma nova história de enfrentamento ao neoconservadorismo da direita. De mangas arregaçadas, continuamos na luta e bradamos:

Viva o Socialismo!

Direção Nacional da TRS/PT
Maio de 2010


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Resoluções

CONFERÊNCIA E ENCONTRO NACIONAL DA TRS
Em Defesa de Nossos Verdadeiros Valores e Princípios

Camarada Fábio Queiroz... Presente!

A realização da 1a. Conferência Estadual da Tendência da Revolução Socialista no Ceará e o 1º. Encontro Nacional da TRS na mesma oportunidade marca uma virada histórica de lutadores(as) sociais que recusam a infiltração subordinada de métodos pró-capitalistas, porque os consideram inadequados para a realização de um processo emancipatório autêntico. Ao mesmo tempo reafirmam a coerência com a
práxis dialética, crítica e transformadora radical da ordem social, com um conteúdo classista e socialista. Sem a pretensão do monopólio da verdade, não nos cansamos de persegui-la e de proclamá-la.


1. CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA

O PT como conhecemos e ajudamos a construir está em crise. O PT que nasceu das barricadas pelas liberdades democráticas, das bandeiras renovadas da combatividade e das caminhadas populares por nossos ideais, pão, terra e liberdade está dando lugar ao pragmatismo político. O PT, de oposição ideológica ao sistema, assumiu sem medo a disputa pelo poder para transformá-lo e acabou transformado num ser adaptado à ordem, ainda que, em seu interior, existam forças de esquerda resistentes a esta situação.

Sendo assim, o PT segue sendo a grande referência para a massa trabalhadora. Mais do que isso, as políticas diferenciadas implantadas pelos governos populares, em especial pelo governo Lula, atingem milhões de pessoas. Isto é, a ascensão social de parte significativa do mundo do trabalho passa por políticas governamentais, operadas por dirigentes identificados com a insígnia petista. A esquerda tem que ter em mente, apesar das desconfianças setorizadas, que as famílias e círculos de convivência do povo trabalhador, estão em contato permanente com o imaginário e a materialidade das inversões de prioridades que tem a cara do PT como norte político.

Reconhecer isso, por outro lado, não pode corresponder à perca do senso crítico. Os limites reformistas das medidas compensatórias estão evidentes, pois não permitem o acúmulo de forças para a luta emancipatória do proletariado e se restringem ao endeusamento populista das celebridades e à reprodução indefinida no poder.

Se a melhoria das condições gerais de vida do povo podem resultar no aumento do conservadorismo, na medida em que desejam manter a melhoria no seu patamar de sobrevivência, aumentam a insatisfação e a consciência de classe, ao se depararem com os limites das possibilidades capitalistas. Assim sendo, cabe ao partido de trabalhadores(as) não abrir mão da disputa de hegemonia ideológica e a organizar o meio popular para a intensificação da combatividade em torno de bandeiras concretas, como por exemplo: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a implantação do piso docente, reformas agrária, tributária e política, combate à homofobia, à discriminação de minorias étnicas e à violência contra as mulheres, e pela equiparação salarial entre homens e mulheres que exerçam a mesma função e dos vencimentos de aposentados(as) e da ativa.

É preciso estabelecer uma estratégia política que reverta o papel secundário da esquerda autêntica na direção partidária. E isso se faz com investimento no trabalho de base com formação política. Isso é possível com uma inserção decisiva nos movimentos sociais.

São enormes os desafios colocados e não será tarefa de um único coletivo de abnegados. É preciso uma articulação mais ampla e generosa que coloque a perspectiva socialista de volta ao foco. Combinando a luta social de massas com instrumentos de propaganda e agitação política.


2. BALANÇO DO PED

No geral, o resultado do PED não foi muito satisfatório para a esquerda partidária. No plano nacional, a redução da esquerda nos últimos embates corresponde ao domínio do chamado “campo democrático”, agora recomposto nas suas inúmeras facções de interesse, unicamente em torno da adesão acrítica ao governo Lula.

A esquerda partidária tem colaborado pouco para chegar a formulações que se contraponham como alternativas políticas ao discurso majoritário da conciliação e que incidam decisivamente sobre a dinâmica partidária. Ao contrário, verifica-se a proliferação de práticas que levam cada vez mais a subordinação do PT à deformação oportunista.

O processo de rebaixamento programático, burocratização e estrelismo, que sempre denunciamos, contamina o conjunto do Partido, inclusive os grupos que se dizem da “esquerda partidária”. O caciquismo escandaloso e desavergonhado descamba para a manipulação, fisiologismo e até compra de votos e de lideranças.

Neste contexto, à esquerda parece estar reservado um papel marginal e meramente referendador de políticas de direita. E ainda legitimando com um verniz de “esquerda”, enquanto vêm à tona práticas abomináveis. Um programa capaz de unir planificação econômica, democracia e liberdades individuais nem é considerado dentro da pauta dos debates.

O processo de definição das candidaturas no PED, por exemplo, evidencia a inversão na relevância de papéis das lideranças partidárias. Os detentores de cargos públicos, nomes construídos coletivamente, não raro com o discurso da participação democrática, sentem-se no direito de tomar decisões unilaterais, suprimindo assim a importância política das bases.

O plenário do 3o. Congresso do PT, em Brasília, deixou evidente a falência do modelo “democrático” do PED pois, a maioria das delegações posicionou-se por uma crítica dura ao processo, evidenciando que nem mesmo o controle majoritário das bancadas foi capaz de deter o início das batalhas para fazer valer o Código de Ética Partidário.


3. TÁTICA ELEITORAL

Este é mais um ano pautado pela agenda eleitoral em nosso país. A questão envolve não só o posicionamento no Partido num ou noutro Estado, mas o desafio colocado na disputa no âmbito nacional. Derrotar a retomada do neoliberalismo capitaneado por tucanos e DEMos é estratégico para as possibilidades de aprofundamento de avanços anticapitalistas no Brasil. É preciso, no entanto, que a candidatura do PT e a frente de coalizão que a acompanha, assumam compromissos em torno de avanços programáticos.

Para o sucesso de nossa tática é imprescindível a constituição de alianças com candidaturas de outras correntes da esquerda do PT ou do arco de forças de esquerdas históricas que mantenham identidade com o projeto original do PT em torno da candidatura Dilma. Mais do que isso, a chave da vitória está na configuração de um amplo movimento de resistência ideológica em defesa de valores e princípios que orientam nossas lutas e da qual nossa candidatura é herdeira e representante. Nossas candidaturas devem servir como instrumento e inspiração para inúmeros(as) lutadores(as) do povo que se disponham a abraçá-las.


4. POR UM PARTIDO INSERIDO NAS LUTAS

A militância da Tendência da Revolução Socialista do PT encabeça lutas históricas surgidas nos movimentos e nas categorias organizadas. Militamos organicamente no movimento sindical, na juventude, nos bairros e nos movimentos ambientalista e de mulheres, atuando em entidades, como a CUT, nos setoriais do PT e também nos espaços constituídos da democracia participativa (conselhos, conferências, fóruns, etc.)

O processo revolucionário está vivo. A luta ideológica continua, apesar do cenário adverso. É possível atuar pela retomada do trabalho de conscientização e organização de base para potencializar a construção de um novo cenário que canalize os sentimentos e energias de quem pensa como nós. Para vencer o desafio é preciso além de paciência histórica e obstinação na luta revolucionária, a vontade firme de mulheres e homens que lutam e sonham com a construção do socialismo.


5. CONJUNTURA POLÍTICA


5.1. No Mundo:

Os povos do mundo vêm sendo assolados por crises cíclicas profundas do capitalismo. Não se tratam de novas crises conjunturais, mas do afloramento da sua insustentabilidade estrutural: crise hipotecária e financeira norte-americana, queda da bolsa, alta do dólar e dos preços do petróleo e alimentos, fracassos sucessivos das rodadas de negociação ambientais e comerciais, conflitos étnicos, separatistas e guerras, entre outras.

A humanidade atravessa o dilema em torno da sustentabilidade, que ameaça a permanência da sua existência e de outras formas de vida no planeta. Mudanças climáticas, desertificação, insegurança alimentar, falta de água potável, neuroses e outras doenças, caos urbanos, são apenas diferentes expressões deste mesmo fenômeno. A discussão fundamental por trás disso é a dos modelos de desenvolvimento. A sustentabilidade sócio-ambiental tem que entrar como uma variável estrutural dos paradigmas de produção e consumo, com democracia participativa.

Nas sociedades antigas, quando os humanos ensaiavam os passos da organização em sociedade, de um sistema de escambo em que viviam, com o surgimento da propriedade privada e conseqüente exploração do trabalho dos humanos entre si e sobre a natureza, surgiu a necessidade da moeda. Ao longo da história, de mediadora das trocas de mercadorias, a moeda ganhou autonomia, passando a fazer parte das relações de produção e permear todas as dimensões da vida cotidiana. No estágio em que o capital adquire a forma de produção capitalista, chega-se ao extremo de hoje mercantilizar não só o mundo material, como interferir nas subjetividades da sociabilidade humana.

Nesta sociedade da produção industrial e do consumo de massa, os valores sociais são afirmados e rapidamente repostos. O retorno dos investimentos capitalistas advindo da exploração do trabalho e acúmulo da mais-valia tem sua rentabilidade materializada na esfera da circulação das mercadorias. São os ganhos crescentes de capital que possibilitam a implementação ascendente da automação tecnológica, beneficiando as grandes empresas em detrimento das pequenas e médias, o que produz as crises: do desemprego estrutural, da superprodução com escassez de crédito, da falta de alimentos, das mudanças climáticas, etc. É a concentração de enormes volumes de poder e capital em mega corporações oligopólicas transnacionais que passam a controlar setores estratégicos das urbes, como: fornecimento de água e alimentos, fontes de energia, redes de transportes e comunicação, etc.

Assim sendo, cabe à superestrutura a indução de uma atmosfera de exacerbação do consumo. Neste mundo dominante materialista, da produção em série, standartizada, são reproduzidos valores igualmente pasteurizados e descartáveis. Tais valores se inserem no cotidiano das relações afetivas, na vulgarização sexista, utilitária e psicótica do sensacionalismo e da banalização da violência. É um mundo fetichizado, alienado e anestesiado pela perspectiva do consumo incessante do simbólico. Fustigado por abismos de desigualdade social que opõem a “inclusão” no mercado das grandes cadeias comerciais à marginalidade pedinte ou bandida. A dicotomia da opulência e da miséria compõe a paranóica microfísica totalitária das câmeras de vigilância, do controle generalizado, da paradoxal redução gradativa da individualidade para dar suporte ao individualismo.

Sabe-se que a sustentabilidade é incompatível com a lógica da produção e consumo capitalistas. Isso não quer dizer abrir mão dos espaços de disputa na sociedade, em torno de um projeto viável de sustentabilidade rural e urbana. É preciso discutir a cidade e o campo que sonhamos e queremos, ou seja, discutir um outro modelo possível de campo e cidade sustentáveis.

A unidade entre cidade e o campo sustentáveis pressupõe uma concepção renovada de desenvolvimento com equilíbrio e distribuição de renda. Ela estabelece uma relação responsável com seus habitantes, em torno das bases legais que ordenam o desenvolvimento rural e urbano.

Ela se assenta sobre um planejamento integrado da expansão territorial, respeitando as particularidades locais e o interesse social das comunidades. Enfim, ela parte da superação da lógica restritiva da habitação vinculada exclusivamente ao mercado imobiliário, e vai ao encontro do significado da habitabilidade abrangente: moradia, saúde, saneamento básico, qualidade de vida, emprego e renda, etc.

Assim, a sustentabilidade acontece não isolada do mundo, como um oásis em meio ao deserto, mas dentro de uma concepção de responsabilidade mundial com a preservação do planeta e continuidade da existência das futuras gerações. Diante da crise estrutural que atinge a humanidade, a perspectiva emancipatória implica numa ação socialista radicalmente comprometida com a democracia, com a igualdade de direitos, com o respeito à diversidade e com o desenvolvimento equilibrado, social e ambientalmente justo. Isso não será obra de uma ruptura histórica pontual e sim de um trabalho de acúmulo e correlação de forças que favoreça a hegemonia da classe trabalhadora.


5.2. Na América Latina:

A América Latina, assim como o restante do planeta, passa por enormes transformações sociais, políticas e ambientais, decorrentes da reestruturação produtiva do capital e sua incidência no mundo do trabalho.

A crise financeira que atinge os EUA é fruto dessas mudanças que ocorrem ao redor do mundo. A política estadosunidense para a livre distribuição de suas mercadorias vem sendo um fator de instabilidade na América Latina. A política de hostilidades crescentes foi amplamente derrotada pelos insucessos da Área de Livre Comércio das Américas e das empreitadas militares no Iraque e no Afeganistão.

Ao mesmo tempo, a eleição de Lula no Brasil marcou o ciclo de vitórias de um campo à esquerda: Argentina, Venezuela, Equador, Chile, Bolívia, Uruguai, Paraguai entre outros. É necessária uma melhor articulação para combater a reação da direita, a exemplo do que ocorre no Chile, Honduras e contra Chávez na Venezuela e para consolidar a hegemonia de uma nova visão política, econômica e ecológica para o continente.

Só a defesa de um projeto socialista internacional democrático e sustentável possibilitará avanços cada vez maiores contra o capitalismo, responsável pelas crises econômicas e pelos graves problemas do mundo contemporâneo.


5.3. No Brasil:

A História oficial ocidental na América trata de mais de 500 anos de exploração, degradação e massacre de povos índios e negros escravizados. A história da rapina e conquista do Brasil pelos brancos, desde a Colônia, passando pelo Império até a República foi escrita à sangue. Sempre no papel de subordinação econômica na divisão internacional dos mercados, prevalece o caráter exportador de riquezas em natura, pouco manufaturados e de baixo valor agregado. Mesmo quando o país chega atrasado à era capitalista, migrando o eixo econômico e político do nordeste para o sudeste, permanece o domínio oligárquico nos negócios privados. Assim, coube a um inchado Estado patrimonialista o papel indutor de um crescimento econômico assentado sob bases oligopólicas multinacionais.

Depois das tentativas iniciais de organizar o povo trabalhador e conquistas crescentes que poderiam levar a um projeto de desenvolvimento com soberania nacional veio o golpe militar de 1964. Até a metade dos anos 1980, pessoas e organizações populares e da imprensa viveram um processo brutal de censura, perseguição e desmantelamento. Combinando um certo protecionismo ufanista com a livre expansão do capital internacional, o regime totalitário de direita acabou naufragando diante da crise econômica, da astronômica dívida externa e das pressões crescentes interna e externamente quanto à liberdade de expressão e aos demais direitos democráticos.

Em seguida veio a redemocratização resultante de inúmeras lutas, em que se deu a reorganização dos movimentos sociais e a fundação do PT e da CUT. Mas a direita também recompôs em torno de seus interesses econômicos. Sarney, Collor, Itamar e FHC foram representantes de frações atrasadas e corruptas da classe dominante.

Fernando Henrique a seguir, surge como paladino de um projeto burguês pretensamente superior: o neoliberalismo. A teoria neoliberal afirmava o papel auto-regulador dos mercados e sem a interferência do Estado. Sob a bandeira da “globalização do mercado” praticou-se uma política de superexploração do trabalho, com arrocho salarial, demissões e ameaças crescentes aos direitos trabalhistas. Sob os oito anos de governo tucano houve o desmonte das estatais e privatizações do patrimônio público. Sucatearam-se universidades e escolas técnicas, inibindo o potencial de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do país. Até a soberania nacional foi afrontada pela implantação da base norte-americana no Maranhão e a adoção do sistema ianque de monitoramento da Amazônia. Enfim, FHC constituiu-se num desgoverno corrupto, marcado pelo apagão elétrico e que, sob o manto da “responsabilidade fiscal”, massacrou o povo trabalhador, suprimiu a perspectiva de projeto de integração e desenvolvimento nacional e quebrou o país. Duas vezes.

Entretanto, houve também ao longo de todo este período, movimentos de resistência das organizações populares, dos partidos de esquerda, das pastorais sociais e das igrejas progressistas, das entidades estudantis, do MST e da agricultura familiar e dos sindicatos da CUT. Desde as “Diretas Já”, passando pelo “Fora Collor”, pelos plebiscitos da dívida externa e da ALCA, até as marchas à Brasília e os Fóruns Sociais Mundiais, os movimentos sociais protagonizaram ações políticas e de massas que se contrapunham à globalização do capital em curso.

Em 2002, a eleição de Lula Presidente, de certa forma é herdeira desses movimentos. Mesmo considerando as limitações inerentes ao processo de administrar o capitalismo e a concepção reformista e de conciliação de classes e as deformações morais, presentes no campo majoritário do PT, há que se identificar avanços nas políticas públicas em relação aos governos anteriores da burguesia. O governo Lula, de inspiração democrático-popular, partiu da premissa da institucionalização articulada de programas sociais e de melhorias quanto à democracia participativa. Ele promove a reestruturação e organização do Estado nacional, uma política ativa de trabalho e emprego, a melhoria na distribuição de renda e na segurança alimentar e o acesso à educação superior e ao crédito para investimentos na cidade e no campo. E mesmo sem a mesma prioridade no atendimento aos interesses dos mercados, os capitalistas resguardados pela “Carta aos Brasileiros” não têm o que reclamar, vide lucros dos bancos e do agronegócio. Mas as representações dos(as) trabalhadores(as) encontram um campo mais favorável para pressionar e negociar suas condições de trabalho e renda.

A estabilidade econômica e da balança de pagamentos, o controle austero dos juros e do câmbio, a abertura de novos acordos e mercados adequados ao perfil agrário-exportador, o saneamento de empréstimos internacionais, aliada às políticas desenvolvimentistas de financiamento e incentivo e a recuperação parcial do potencial de compra do salário mínimo, ampliaram o mercado interno.

A bem da verdade deve-se considerar que as possibilidades de avanços estão restringidas pela tese da “governabilidade”, que mantém um projeto de enorme força e aceitação popular refém do fisiologismo e das velhas manobras dos interesses oligárquicos. Esta coalizão entre projetos antagônicos, típica do colaboracionismo de classes, favorece a manutenção do assistencialismo e o paternalismo, o personalismo e o populismo. Além de confundir as massas, mantém as possibilidades do avanço político consciente e organizado dos movimentos sociais restritos à agenda da institucionalidade.

Por isso é preciso potencializar o PT como força propulsora da organização e da formação da classe trabalhadora como motor da história. Nosso conteúdo político e nossa prática cotidiana devem se contrapor ao discurso do reformismo de que é possível resolver os problemas do povo através unicamente de ações institucionais. Cabe ao PT preparar o povo como sujeito da história, na vanguarda das lutas atuais e futuras da classe trabalhadora.

Mesmo com essas preocupações, defender a trincheira atual é estratégico para continuidade do aprofundamento do projeto democrático-popular, na direção da eqüidade de direitos, justiça social e sustentabilidade. O capital se prepara para despejar um rio de dinheiro na disputa eleitoral deste ano, na tentativa de tentar retomar o domínio da situação e favorecimento de seus interesses de classe. Portanto, nossa participação organizada na eleição será de fundamental importância. Tanto para eleger a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, como também fortes bancadas de senadores, deputados federais e estaduais.


1ª. Conferência da Tendência da Revolução Socialista / PT

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Artigo do Comandante

Para não dizer que não falei das flores*

O Brasil é um país grande, bonito, rico e maravilhoso. Nossas riquezas naturais dariam para prover a Nação do básico necessário para cada indivíduo viver bem; no entanto, a exploração das classes dominantes e, a conseqüente acumulação de riquezas, nos fez um povo dividido pelos limites da posse.

Da escravidão até os dias atuais, o trabalho criador do homem teve como resultado final a formação de riquezas para poucos em vez do bem-estar comum. A luta permanente para inverter essa realidade será a mais sagrada de todas as tarefas humanas. Sobre isso Jesus ensina que não devemos querer para os outros aquilo que não queremos para nós. Portanto, uma sociedade em que muitos são pobres e somente alguns são ricos, contraria, no mínimo, os planos do Criador.

A política é um meio que nos permite realizar ações transformadoras; entre elas estão: igualdade e também a justiça social. O grande problema é que a política se desenvolve em um terreno onde proliferam distintos grupos de interesses. Os mais destacados são os da burguesia, defendido pelas "elites" e o projeto socialista defendido pela classe trabalhadora e outras camadas sociais.

O projeto socialista tem se fortalecido com o governo Lula, que em seis anos de governo deu prioridade aos pobres, fortaleceu o mercado interno e as políticas públicas na busca de construir um tipo de desenvolvimento sustentável.

O presidente Lula e sua equipe conseguiram gerar emprego muito acima da média dos governos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, fortaleceu a agricultura familiar, instalou 10 novas universidades e 214 escolas técnicas. Todos os dados comparativos entre o governo do presidente Lula e do FHC são infinitamente favoráveis para o atual governo. Isso deve servir como prova insofismável de que a luta e a firmeza de um povo é de fundamental importância para a sua própria libertação.

Este ano temos pela frente uma grande batalha: é a eleição da companheira Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República. A militância e o povo brasileiro haverão de lutar heroicamente em defesa da pátria. Para que ela seja o nosso jardim da aurora da vida, pródiga de justiça paz e liberdade, a mais linda de todas as flores.

Antonio Ibiapino da Silva

*Artigo dedicado às mulheres do Brasil

sábado, 8 de maio de 2010

TRS/PT - MG

POSICIONAMENTO DA TENDÊNCIA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA EM MINAS GERAIS

O processo eleitoral deste ano, em Minas Gerais, apresenta as condições objetivas para a eleição de uma candidatura do campo democrático popular. Os avanços conquistados durante o dois mandatos à frente do Governo Federal constituem uma base sólida para propormos um programa que coloque o estado em compasso com estas diretrizes nacionais. A população já consegue perceber a necessidade de eleição de um governo comprometido com este projeto.

Foi neste cenário que realizamos as prévias no último domingo (2/05) para definir o candidato que encabeçará nossa chapa ao Governo do Estado. Mais de 30 mil filiados de todos os cantos das Gerais compareceram ao chamado do partido, o que demonstra a força da militância e a confirmação do desejo de termos da candidatura própria em Minas.

Passado o momento de prévias, faz-se necessário uma ampla unidade em torno da candidatura de Fernando Pimentel. Unidos alcançaremos a vitória contra os gigantes do conservadorismo mineiro. Vamos repetir a vitória de 1992, quando saímos de uma prévia com quatro pré-candidatos e vencemos Aécio Neves, Maurício Campos, Ferrara e outros caciques da direita mineira.

Dessa forma, eleger Pimentel torna-se fundamental para que os ideais libertários de Minas Gerais colaborem para avançar o projeto democrático popular no Brasil. Construir um palanque firme para a companheira Dilma Roussef, realizar uma campanha que empolgue a militância, que resgate a auto-estima da esquerda no estado e que aponte, sem vacilo, o caminho que desejamos: Estas são as tarefas que nos aguardam!

Por estas considerações, nós da Tendência da Revolução Socialista em Minas Gerais, convocamos a todos para marcharmos com a candidatura do Companheiro Fernando Pimentel, e assim ganhar o Governo de Minas e eleger Dilma Presidenta do Brasil, em outubro.

Saudações socialistas,

Belo Horizonte, 6 de maio de 2010.

TENDÊNCIA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA - MG


domingo, 2 de maio de 2010

Resoluções da Conferência


I. Estatuto da TRS - PT

1.1. A Tendência da Revolução Socialista – TRS é uma tendência do Partido dos Trabalhadores, que luta pela emancipação da classe trabalhadora, combinando a ação institucional com a luta social de massas para construção do socialismo;

1.2. Para realizar seu objetivo revolucionário, a TRS é constituída por filiados(as) ao PT que concordam com os princípios ideológicos contidos em seu Manifesto, que participam de um coletivo de base relacionado à sua militância e que contribuam financeiramente para seu funcionamento regular;

1.3. Os coletivos de base se reúnem pelo menos mensalmente para: realizar discussões sobre sua atuação, conhecer e propor resoluções da TRS, desenvolver a formação política de seus membros, promover o ingresso de novos(as) participantes (exceto dirigentes e personalidades públicas) e arrecadar contribuições financeiras regulares;

1.4. Os(as) militantes da TRS seguem o método do centralismo democrático que estabelece o acatamento das posições majoritárias e a responsabilidade das direções e a dos indivíduos no encaminhamento coletivo das decisões colocadas em discussão amplamente;

1.5. A eficácia da atuação e a democracia interna da TRS são garantidas pela relação dialética entre organismos centralizados de direção e a horizontalidade dos coletivos de base, que seguem a linha política geral e ao mesmo tempo guardam relativa autonomia no âmbito de sua atuação;

1.6. À direção da TRS cabe: acompanhar o funcionamento regular dos coletivos de base, reunir-se periodicamente para avaliar o quadro político e atuar em defesa dos propósitos da organização, promover a divulgação e o debate amplo e democrático de suas resoluções, aprovar o ingresso de dirigentes ou lideranças de expressão, convocar Conferências bianuais e designar a comissão responsável pela sua organização

1.7. Este estatuto só pode ser modificado em Conferência convocada para este fim.


II. Regimento Interno das Conferências

2.1. Este regimento tem como objetivo organizar o funcionamento da Conferência da TRS.

2.2. A abertura da Conferência será composta de uma mesa política, com a presença de convidados(as), para saudação dos(as) participantes e explanação sobre os objetivos da Conferência.

2.3. O credenciamento será feito por uma comissão, designada pela Coordenação da TRS, até o início da discussão em grupos.

2.4. A instalação da plenária da Conferência se dá quando atingido o quórum de metade mais um de delegados(as) eleitos(as) nos Coletivos de Base.

2.5. Será escolhida a mesa de direção dos trabalhos, definida a pauta e pactuada a programação da Conferência entre os(as) presentes.

2.6. Haverá um tempo para apresentação de teses e/ou documentos encaminhados previamente para discussão na Conferência.

2.7. A discussão dos pontos da pauta se dará em grupos, compostos pelos participantes de forma aleatória.

2.8. Após a discussão haverá reunião de relatores(as) para sistematização das propostas e emendas apresentadas, as quais serão submetidas à plenária.

2.9. Caso haja divergências nos textos, insanáveis a partir de reformulações em separado, haverá defesas contra e a favor de sua manutenção, sendo em seguida votadas por maioria simples.

2.10. Ao final, será eleita em urna, a nova direção da TRS, entre os(as) militantes que apresentarem seus nomes, de acordo com a quantidade de participantes definida para o funcionamento da instância.


III. Sobre Organização e Finanças

3. Considerando a importância da colaboração financeira individual para o suporte auto-gestionário da luta emancipatória independente dos(as) trabalhadores, a TRS resolve:

3.1. A direção da TRS constituirá uma secretaria de finanças responsável pela elaboração da proposta de política financeira e pelo controle, arrecadação e prestação de contas periódica das contribuições e gastos da organização;

3.2. A política financeira da TRS será aprovada por sua direção, considerando a centralização dos recursos disponíveis para investimentos em seu próprio processo organizativo e formativo;

3.3. Os investimentos dos recursos em campanhas e demais ações das frentes de massa ficam sujeitas à deliberação da direção da TRS;

(...)


Plenária final do 1ª Conferência e Encontro Nacional da TRS
Fortaleza, 18 de abril de 2010