CONFERÊNCIA E ENCONTRO NACIONAL DA TRS
Em Defesa de Nossos Verdadeiros Valores e Princípios
Camarada Fábio Queiroz... Presente!
A realização da 1a. Conferência Estadual da Tendência da Revolução Socialista no Ceará e o 1º. Encontro Nacional da TRS na mesma oportunidade marca uma virada histórica de lutadores(as) sociais que recusam a infiltração subordinada de métodos pró-capitalistas, porque os consideram inadequados para a realização de um processo emancipatório autêntico. Ao mesmo tempo reafirmam a coerência com a práxis dialética, crítica e transformadora radical da ordem social, com um conteúdo classista e socialista. Sem a pretensão do monopólio da verdade, não nos cansamos de persegui-la e de proclamá-la.
1. CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA
O PT como conhecemos e ajudamos a construir está em crise. O PT que nasceu das barricadas pelas liberdades democráticas, das bandeiras renovadas da combatividade e das caminhadas populares por nossos ideais, pão, terra e liberdade está dando lugar ao pragmatismo político. O PT, de oposição ideológica ao sistema, assumiu sem medo a disputa pelo poder para transformá-lo e acabou transformado num ser adaptado à ordem, ainda que, em seu interior, existam forças de esquerda resistentes a esta situação.
Sendo assim, o PT segue sendo a grande referência para a massa trabalhadora. Mais do que isso, as políticas diferenciadas implantadas pelos governos populares, em especial pelo governo Lula, atingem milhões de pessoas. Isto é, a ascensão social de parte significativa do mundo do trabalho passa por políticas governamentais, operadas por dirigentes identificados com a insígnia petista. A esquerda tem que ter em mente, apesar das desconfianças setorizadas, que as famílias e círculos de convivência do povo trabalhador, estão em contato permanente com o imaginário e a materialidade das inversões de prioridades que tem a cara do PT como norte político.
Reconhecer isso, por outro lado, não pode corresponder à perca do senso crítico. Os limites reformistas das medidas compensatórias estão evidentes, pois não permitem o acúmulo de forças para a luta emancipatória do proletariado e se restringem ao endeusamento populista das celebridades e à reprodução indefinida no poder.
Se a melhoria das condições gerais de vida do povo podem resultar no aumento do conservadorismo, na medida em que desejam manter a melhoria no seu patamar de sobrevivência, aumentam a insatisfação e a consciência de classe, ao se depararem com os limites das possibilidades capitalistas. Assim sendo, cabe ao partido de trabalhadores(as) não abrir mão da disputa de hegemonia ideológica e a organizar o meio popular para a intensificação da combatividade em torno de bandeiras concretas, como por exemplo: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a implantação do piso docente, reformas agrária, tributária e política, combate à homofobia, à discriminação de minorias étnicas e à violência contra as mulheres, e pela equiparação salarial entre homens e mulheres que exerçam a mesma função e dos vencimentos de aposentados(as) e da ativa.
É preciso estabelecer uma estratégia política que reverta o papel secundário da esquerda autêntica na direção partidária. E isso se faz com investimento no trabalho de base com formação política. Isso é possível com uma inserção decisiva nos movimentos sociais.
São enormes os desafios colocados e não será tarefa de um único coletivo de abnegados. É preciso uma articulação mais ampla e generosa que coloque a perspectiva socialista de volta ao foco. Combinando a luta social de massas com instrumentos de propaganda e agitação política.
2. BALANÇO DO PED
No geral, o resultado do PED não foi muito satisfatório para a esquerda partidária. No plano nacional, a redução da esquerda nos últimos embates corresponde ao domínio do chamado “campo democrático”, agora recomposto nas suas inúmeras facções de interesse, unicamente em torno da adesão acrítica ao governo Lula.
A esquerda partidária tem colaborado pouco para chegar a formulações que se contraponham como alternativas políticas ao discurso majoritário da conciliação e que incidam decisivamente sobre a dinâmica partidária. Ao contrário, verifica-se a proliferação de práticas que levam cada vez mais a subordinação do PT à deformação oportunista.
O processo de rebaixamento programático, burocratização e estrelismo, que sempre denunciamos, contamina o conjunto do Partido, inclusive os grupos que se dizem da “esquerda partidária”. O caciquismo escandaloso e desavergonhado descamba para a manipulação, fisiologismo e até compra de votos e de lideranças.
Neste contexto, à esquerda parece estar reservado um papel marginal e meramente referendador de políticas de direita. E ainda legitimando com um verniz de “esquerda”, enquanto vêm à tona práticas abomináveis. Um programa capaz de unir planificação econômica, democracia e liberdades individuais nem é considerado dentro da pauta dos debates.
O processo de definição das candidaturas no PED, por exemplo, evidencia a inversão na relevância de papéis das lideranças partidárias. Os detentores de cargos públicos, nomes construídos coletivamente, não raro com o discurso da participação democrática, sentem-se no direito de tomar decisões unilaterais, suprimindo assim a importância política das bases.
O plenário do 3o. Congresso do PT, em Brasília, deixou evidente a falência do modelo “democrático” do PED pois, a maioria das delegações posicionou-se por uma crítica dura ao processo, evidenciando que nem mesmo o controle majoritário das bancadas foi capaz de deter o início das batalhas para fazer valer o Código de Ética Partidário.
3. TÁTICA ELEITORAL
Este é mais um ano pautado pela agenda eleitoral em nosso país. A questão envolve não só o posicionamento no Partido num ou noutro Estado, mas o desafio colocado na disputa no âmbito nacional. Derrotar a retomada do neoliberalismo capitaneado por tucanos e DEMos é estratégico para as possibilidades de aprofundamento de avanços anticapitalistas no Brasil. É preciso, no entanto, que a candidatura do PT e a frente de coalizão que a acompanha, assumam compromissos em torno de avanços programáticos.
Para o sucesso de nossa tática é imprescindível a constituição de alianças com candidaturas de outras correntes da esquerda do PT ou do arco de forças de esquerdas históricas que mantenham identidade com o projeto original do PT em torno da candidatura Dilma. Mais do que isso, a chave da vitória está na configuração de um amplo movimento de resistência ideológica em defesa de valores e princípios que orientam nossas lutas e da qual nossa candidatura é herdeira e representante. Nossas candidaturas devem servir como instrumento e inspiração para inúmeros(as) lutadores(as) do povo que se disponham a abraçá-las.
4. POR UM PARTIDO INSERIDO NAS LUTAS
A militância da Tendência da Revolução Socialista do PT encabeça lutas históricas surgidas nos movimentos e nas categorias organizadas. Militamos organicamente no movimento sindical, na juventude, nos bairros e nos movimentos ambientalista e de mulheres, atuando em entidades, como a CUT, nos setoriais do PT e também nos espaços constituídos da democracia participativa (conselhos, conferências, fóruns, etc.)
O processo revolucionário está vivo. A luta ideológica continua, apesar do cenário adverso. É possível atuar pela retomada do trabalho de conscientização e organização de base para potencializar a construção de um novo cenário que canalize os sentimentos e energias de quem pensa como nós. Para vencer o desafio é preciso além de paciência histórica e obstinação na luta revolucionária, a vontade firme de mulheres e homens que lutam e sonham com a construção do socialismo.
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